Quando pequenos eles fazem arte, quando adultos viram inventores.
Pesquisadores da Universidade Estadual do Michigan (MSU), nos Estados Unidos, estudaram crianças de até 14 anos para verificar se há relação entre “participar de atividades artísticas quando criança”, de um lado, e “obter patentes ou abrir empresas”, do outro. Analisaram um grupo de pessoas que se graduou com mérito na MSU, entre 1990 e 1995, em cursos de ciências, tecnologia, engenharia ou matemática; descobriram que quem tinha empresa própria ou patente recebeu, quando criança, oito vezes mais exposição às artes que as pessoas em geral.
Rex LaMore, diretor do centro de desenvolvimento econômico e comunitário, diz que o mais interessante foi descobrir a importância da participação prolongada em atividades artísticas. “Quem começou tais atividades quando criança e continuou a participar delas ao crescer está mais propenso a gerar patentes, formar empresas e publicar artigos. Ficamos surpresos com essa descoberta.” Algumas das diferenças que os pesquisadores observaram nesses participantes em relação às pessoas em geral foram:
? 93% teve treinamento musical em alguma época da vida; quanto aos adultos mais comuns, só 34% estudou música.
? As pessoas bem-sucedidas se envolveram mais com artes visuais, teatro, dança e redação criativa.
? Quem participou de trabalhos com metal ou eletrônica se mostrou 42% mais propenso a gerar uma patente.
? Quem participou de atividades com metal ou eletrônica e trabalha na área de arquitetura se mostrou 87,5% mais propenso a montar uma empresa.
? As crianças que fizeram aula de fotografia tiveram propensão 30% maior a pedir o registro de uma patente.
Os pesquisadores acreditam que essa relação ocorre porque tais atividades incentivam as pessoas a pensar “fora da caixa”, como dizem os americanos. Muitos participantes revelaram que usam as habilidades artísticas como analogia, para alimentar a intuição e a imaginação, e desse modo resolver problemas complexos. “As habilidades que a pessoa aperfeiçoa ao desmontar e montar algo podem transformar a forma como vê um produto e como pode aperfeiçoá-lo”, diz Eileen Roraback, do Centro de Estudos Integrados em Artes e Humanidades da MSU. “E existe a redação criativa. Em nosso estudo, uma bióloga, que faz pesquisas em oncologia e criou sua própria empresa, disse que usou as técnicas de redação criativa para escrever seu plano de negócios e ganhar contratos ao competir com outras empresas.”
Os autores acreditam que esses resultados podem ser importantes para reconstruir a economia dos Estados Unidos. “Inventores são mais aptos a gerar maior crescimento e empregos mais bem pagos; achamos que é esse tipo de objetivo que devemos procurar”, diz Rex. “Para chegar a esses benefícios, devemos pensar em como melhorar as capacidades artísticas das crianças, assim como a capacidade de fazer ciência e de usar a matemática.”
Fonte: Revista Cálculo