No Ceará, apenas 6,6% dos alunos que terminaram o 3º ano do ensino médio em 2013 obtiveram conhecimento adequado em matemática e 9% apresentaram proficiência satisfatória em português. No 9º ano do ensino fundamental, as porcentagens também exibem aprendizado aquém do adequado. Os resultados, divulgados pelo movimento Todos Pela Educação (TPE), demonstram uma piora nos números cearenses desde a última análise, em 2011. O Estado, porém, apresentou os melhores índices do Nordeste em aprendizagem no 5º ano do ensino fundamental.
O levantamento teve como base a Prova Brasil e o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), realizados ano passado. Os dados fazem parte do monitoramento da meta 3 do TPE: todo aluno com aprendizagem adequado ao seu ano até 2022. As avaliações periódicas, a cada dois anos, são definidas pelas metas intermediárias para acompanhamento dos indicadores. Os baixos percentuais de aprendizagem no ensino médio se constituem em abrangência nacional. No Brasil, somente 9,3% dos estudantes aprenderam o considerado adequado em matemática e 27,2%, em português.
Idevaldo Bodião, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC), considerou que o Ceará exibe bons índices entre os estados nordestinos nas séries iniciais. “Em estágios mais avançados da escolarização, o Estado vai perdendo a referência. O Ceará, em relação à alfabetização, era tão frágil que qualquer mudança provocaria resultado. Isso não foi feito em relação ao ensino médio”, avaliou. No 3º ano, por exemplo, o índice de aprendizagem cearense em matemática fica atrás do da Paraíba, de Pernambuco e do Piauí.
Para a coordenadora do TPE, Priscila Cruz, as deficiências do ensino médio no Brasil são resultado de uma estrutura engessada de aprendizagem, que exibe índices piores a cada ano. “No último levantamento, acendemos a luz amarela sobre o 3º ano. Agora já é o sinal vermelho. Não temos visto nenhum esforço estruturante. Por outro lado, políticas públicas já conseguiram gerar resultados no 5º ano do fundamental”, disse. Priscila destacou o Ceará como referência nacional nesta série.
Avaliação
O titular da Secretaria da Educação do Ceará (Seduc), Maurício Holanda, ressaltou que a avaliação do último ano escolar deveria ser baseada no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Essa amostra do TPE é aleatória. Como é que o índice cai se aumentamos o número de alunos que passam no Enem? A avaliação é feita em escolas sorteadas e isso cria um viés: se eu sortear uma escola onde, na média, os alunos são bons, a porcentagem será boa. Se for uma escola ruim, os dados também serão”, detalhou.
A coordenadora do TPE considerou que, diferente do Enem, a Prova Brasil não tem peso decisivo na vida do aluno, o que poderia reduzir os índices de aprendizagem em consequência de um menor esforço. “Mas o Enem não seria adequado porque é uma prova de ingresso. Aqui, a avaliação é do sistema”, frisou.
Fonte: Jornal O Povo